Nenhum monitor de votação independente estava presente, e os críticos chamaram a eleição de uma farsa projetada para carimbar um governo aprovado por Maduro.
Os resultados, anunciados na televisão estatal e apresentados sem evidências, tiraram da oposição alguns dos últimos cargos que ela ocupava, incluindo o cargo de governador de Zulia, o Estado mais populoso do país e o centro de sua riqueza petrolífera.
Apesar das ruas e locais de votação quase vazios, o conselho eleitoral afirmou que o comparecimento foi superior a 40%. O CNE não publicou os resultados on-line, como havia feito nas eleições anteriores a 2024.
No pleito deste domingo, foram escolhidos deputados estaduais; 285 deputados federais; e todos os 24 governadores da Venezuela - incluindo, pela primeira vez, o de Essequibo, a região da Guiana que Caracas alega ser seu território.
Benigno Alarcón, cientista político da Universidade Católica Andrés Bello, em Caracas, disse que a votação não teve os requisitos mínimos para ser considerada democrática.
O anúncio ocorre menos de um ano depois de uma eleição presidencial na qual o ditador Nicolás Maduro também reivindicou a vitória, apesar de uma contagem de votos feita pela oposição mostrar que ele havia perdido de maneira esmagadora para seu oponente, Edmundo González.
Essa contagem da oposição, usando as atas oficiais recolhidas nos centros de votação por fiscais opositores da ditadura chavista após uma grande mobilização nacional, foi considerada precisa pelo Centro Carter, um grupo de monitoramento independente, que disse que a reivindicação de Maduro era uma “fraude”.
Em pronunciamento na televisão estatal na noite de domingo, o vice-presidente do órgão eleitoral, Carlos Quintero, disse que uma aliança de partidos que apoiam Maduro ganhou mais de 80% dos votos para as cadeiras legislativas. A mesma coalizão conquistou assentos de governadores em 22 dos 23 Estados do país, disse Quintero.
Anteriormente, quatro Estados eram ocupados por governadores não alinhados com o governo. Agora, apenas um, Cojedes, no centro da Venezuela, será controlado por uma voz dissidente.
A votação ocorreu em meio a uma amarga discussão entre os líderes da oposição sobre a participação ou não na votação e um boicote generalizado dos principais opositores.
A mais proeminente líder da oposição do país, María Corina Machado, ex-legisladora que apoiou González na corrida presidencial no ano passado, pediu que as pessoas se abstivessem, dizendo que o governo deveria reconhecer o resultado da eleição de julho de 2024.
“Esvaziem as ruas!”, disse ela a seus apoiadores em uma mensagem antes da votação.
Mas um grupo de outros opositores, entre eles o duas vezes candidato à presidência Henrique Capriles, pediu que os candidatos concorressem e que as pessoas votassem, dizendo que a eleição - mesmo que fosse roubada - poderia ser usada para reunir e energizar a oposição para a próxima luta.
“Não entendo como ficar em casa, ficar em casa em silêncio, vamos derrotar o governo de Maduro”, disse ele em uma entrevista antes da eleição.